domingo, 11 de dezembro de 2016

Sob o domínio do lixo

Afogada no mar de ruído colorido, um novo clarão esgotou-lhe a resistência. Desatou a correr pela multidão, em direcção ao seu bunker, abrigo único da ilusão de liberdade, da saturação das imagens, da estroboscopia do mundo. Ali o vazio ainda tinha lugar e os objectos, seleccionados cuidadosamente, guardavam os últimos elos entre o mundo sensível e a ideia de um propósito humano. Bateu com a porta, pôde finalmente respirar. Deixou-se cair. Não a veriam por muito tempo.

(Publicado no blog das Histórias em 77 palavras, em resposta ao desafio nº 94.)

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