terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Falsa Dicotomia da Vida

Costuma-se dizer que a vida tem altos e baixos. Isso toda a gente já sentiu, mas esquecemo-nos que também passamos por muitos períodos neutros. Sei que a maior parte dos seres humanos não concordam comigo, mas para mim estes últimos são os piores.

São períodos cinzentos, em que caímos na rotina. E cair na rotina é desperdiçar tempo de vida. Nada pior que isso!

Perguntam-me então se não prefiro estar na normalidade em vez de estar a sofrer... Pois então sou um romântico! Sem problemas, sem altos e baixos, sem emoções, sem obstáculos grandes para ultrapassar, sem uma boa dose de diferença salpicada pelos dias... qual o interesse de viver?

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Parlamento dos Jovens - Eleições à tuga

Nas escolas portuguesas tem-se o hábito de tornar as eleições, quer para a Associação de Estudantes, quer para o Parlamento dos Jovens, em autênticos arraiais. Exceptuando as eleições de delegados de turma, claro, porque esse é o único cargo disponível para os alunos em que se tem efectivamente que fazer alguma coisa. Começa a balbúrdia: mensagens de apelo ao voto em cada lista, mas totalmente vazias e desprovidas de argumentos (e até de criatividade - um simples "Vota B!" é mais que bom!) proliferam em camisolas impressas ou rabiscadas, e em panfletos e autocolantes reles. Festas, ofertas, música e barulho tentam conseguir a atenção do maior número de alunos. No dia dos sufrágios, apenas 40% dos eleitores se dão ao trabalho de esperar um minuto na fila para exercer o seu direito de voto. Típico português! Porquê criticar os adultos, se os hábitos começam logo nos jovens?

Hoje analisei os espaços publicitários de cada lista candidata ao Parlamento dos Jovens da minha escola, e fiquei deveras desiludido com a palhaçada e a falta de conteúdo que povoavam os placards. (A má ortografia também me preocupou, mas isso hoje em dia é altamente discutível...)

O Parlamento dos Jovens deste ano propõe, através das redes sociais, combater a discriminação (para os alunos do Básico) e fomentar a participação e a cidadania (para o Secundário).

No entanto, em ambos os níveis de ensino, a palavra que impera é "discriminação". E assunto não passa desta porta inicial - não vi uma única definição da palavra, nem sequer uma breve pesquisa sobre os grupos da sociedade que são hoje alvo de discriminação.

As cartolinas coloridas focam-se apenas em dizer que a discriminação é muito má e muito feia, e que temos que acabar com ela, e é por isso que deves votar em nós e não nos outros! Cada vez está mais na moda dizer-se que não se é racista. Os racistas são estúpidos! Uma hipocrisia pegada. Até eu sou racista, às vezes, mesmo tentando contrariar e extinguir os preconceitos que tenho.

O único material publicitário em que encontrei algo mais claro foi o da Lista A do Básico - uma carolina que, de forma [relativamente] bem persuasiva, nos lembrava que o presidente da maior potência mundial é negro, que a mulher mais rica do mundo é negra, que o homem mais rápido do mundo é negro, e por aí. E que não devemos odiar as pessoas pela cor da pele. Pessoal, estamos em que século?! Não quero ser desmancha-prazeres, mas se querem lutar contra o Apartheid, já vão muito atrasados!

Nada podia explicar melhor o meu ponto de vista do que este genial sketch do Estado de Graça:

Falta perguntar - quantos destes aspirantes a políticos tugas não têm aversão aos brasileiros, ou aos ucranianos, ou aos russos, ou aos romenos, ou até aos espanhóis (em casos mais extremos)? Quantos não chamaram "mongoloi*e" àquele colega com uma deficiência mental? Quantos não gozaram com aquele colega obeso, e com o outro colega, que era um rapaz mas lhes parecia uma rapariga? Quantos não se afastaram de um cigano na rua? São imensos os grupos que sofrem de discriminação hoje em dia, mas desses não lhes convém falar.

Repare-se ainda no título de uma das campanhas - "Contra a Discriminação nas Redes Sociais". Toda a gente sabe que é importantíssimo combater a discriminação dentro das redes sociais, porque fora delas já não faz mal, certo?
Toda esta falsa cidadania e propaganda fácil, a ausência de argumentos e de reflexão sobre os assuntos propostos e a banalidade das ideias conseguidas levam-me a pensar que os meninos só querem é poder fazer barulho no átrio, e experimentar sentar o rabinho nos assentos da Assembleia da República.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Lisboa

Quero correr pelas praças feitas de liberdade, deambular pelas avenidas ortogonais cheias de vida, e pelas irregulares também. Quero conhecer as pessoas do comboio, do metro e dos autocarros. Quero ver bocados de diferentes cantos do mundo mesmo ao meu lado. Quero estar mais próximo da minha comunidade, e conhecer as outras. Quero contemplar a diferença que se reproduz saudável, sem limites nem censuras.

Quero ver oportunidades a passar, e apanhá-las. Quero aprender, encher a minha mente com o que a humanidade tem de mais sábio e interessante, e saborear novos conhecimentos.

Quero respirar os jardins, tocar nas estátuas, abraçar as árvores e estudar na relva fresca. Sentir a paz da natureza, carinhosamente protegida e cuidada pelo ser monstruoso que mais a destruiu.