quinta-feira, 31 de março de 2011

O Verão

31 de Março, o início do Verão!
Ah, como eu gosto do Verão! O sol brilha tão bonito e tão mortífero... Os seus raios chegam até nós, e acariciam-nos a pele frágil, num toque áspero que queima tudo à sua passagem. O ar quentinho aconchega-nos no seu abraço demasiado apertado, e deixa-nos a pele embebida num maravilhoso líquido, pegajoso e fedorento. E a cereja no topo do bolo é a roupa encharcada no mesmo líquido, para nos refrescar!
No autocarro os corpos enlatados aquecem-se um pouco mais. E ao sair o sol proporciona-nos outra experiência agradável - os músculos da cara encolhem-se como uma almofada mirrada, as pestanas cobrem os olhos e não se consegue ver bem - é tão engraçado... Podermos sentir-nos quase na pele de um cego...
Só é pena a escola não permitir irmos à praia, para nos congelarmos na água gélida.
Ainda mal chegou o Verão e já estou ansioso pelo Ouforno! E só faltam 6 meses para o Inferno! Yay!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Hoje desço os degraus da escola um a um. Não rio com as mesmas piadas de sempre, com o mesmo assunto de sempre, aquele que nunca se gasta. Não digo "Hello", nem tenho sorrisos para distribuir, mesmo que sejam interiores.
Espero que ele fique bem depressa... Não quero que a última recordação que tenha de mim seja o facto de me ter esquecido do seu aniversário.
Sinto-me horrível.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Português Descorrecto

"- Reflexão escreve-se com dois S ou com C de cedilha?
- Com C de cedilha.
- E é com um ou com dois C de cedilha?"

sábado, 19 de março de 2011

Der Prozess na escola

Esta semana a minha turma foi atingida por um fulminante raio de azar Kafka. A história quase igual (apesar de ainda não ter lido "O Processo"). Fomos apanhados no meio de um terrível procedimento - um conselho de turma - que terminou no infortúnio da pior penalização a que nos podiam condenar - cancelaram-nos a visita de estudo!
Por sermos altamente filosóficos e autênticos guerreiros pela justiça na escola (quando ela nos convém), indagámos o motivo de tal processo...
Nada de muito estranho se tinha passado nos últimos tempos. Houve muitas tentativas de falta colectiva, mas nada resultou; não fizemos muito barulho nas aulas; estávamos relativamente estáveis. Só me recordo do escândalo na aula de Desenho. (Quando o Carlos atirou a borracha do Manel para fora da janela e esta ficou retida numa espécie de parapeito afastado. Estávamos no 4º andar, e o Manel saiu pela janela para ir buscar a borracha. Em jeito de gozo o Carlos fechou-lhe a janela e ele ficou preso lá fora, empoleirado no parapeito. Quando finalmente o primeiro o deixou entrar, o Manel teve que apoiar o pé no estirador, que se virou todo, desequilibrando o rapaz e causando barulho e confusão. Todos os olhos se viraram para aquele canto da sala e o professor foi acudir e repreender por se ter "posto uma vida em risco" por causa de uma borracha.)
Excepto isso, não aconteceu nada nos últimos tempos.
Já tentámos de tudo para perceber o porquê do conselho disciplinar. Perguntámos aos professores - uns dizem que não sabem de nada, outros não querem dizer, e a Directora de Turma diz que nós é que devíamos saber as asneiras que fizemos.
Está bem, pode ser que com este castigo aprendamos a lição e nunca mais repitamos o erro de fazer o-que-não-sabemos-o-quê.
Puramente kafkien. É vida.

O Fim

Senti aquele vazio desesperante de chegar ao fim, de não haver mais. Outra vez. Apeteceu-me fazer tudo para continuar, para prolongar o tempo, para fazer nascer outra vez o que, afinal, já fora gasto e desgastado, com gosto.
Seria o termo parte da experiência?
Sim. Mas a sede desmedida tornava-o indesejável. O ideal seria o infinito, linear e tão simples.
O fim é essencial.
O infinito é capricho. Quem o segue cansa e não alcança. Não chega a pensar no que sentiu, nunca se contentará.
Contentei-me com o fim, em vez de procurar o que nunca me chegaria.