segunda-feira, 20 de abril de 2015

O Fim da História

Tive uma infância de espera, deslizada pelo virtual, solitária. Esperei por nascer para o mundo, e só há três ou quatro anos nasci e vi o mundo pela primeira vez. Se antes era um satélite desmotivado à volta da Terra, desejo agora ser uma árvore com raízes em todo o planeta. Quero estar ligado a um pouco de tudo, enlear-me com a Terra e no fim voltar a ser Terra. É isso que quero.

Mas tive o infortúnio de chegar a este mundo pouco antes dele se transformar em ruído, e enquanto se desintegra eu desespero por beber cada gota de tudo o que ainda não foi nivelado. Interessam-me todas as coisas. Anseio por todas as coisas.

Se alguma vez tu e eu partilhámos um momento espontâneo e verdadeiro, se decidimos preencher um segmento do nosso tempo com esta actividade nostálgica de termos corpo e massa, (movimento mais que pensamento), se pelos mais breves momentos tentámos adivinhar os pensamentos que nos habitavam, então és importante para mim. Estou grato por teres partilhado comigo o prazer da tua fisicalidade, por teres existido comigo.

Sem comentários:

Enviar um comentário