segunda-feira, 22 de março de 2010

Estava mesmo ali ao lado...

(Há séculos que estou para escrever sobre isto...)

Era Quarta-feira.
Na paragem do autocarro, à beira da estrada, o tempo arrastava-se pela calçada estragada, ao som da música da bomba de gasolina ali ao lado.
Sentado, eu tentava dar uma ajudinha ao tempo, mas ele pesava, como que morto.
Por detrás de mim, estava um riacho, um buraco rectangular no chão com um enorme cano de onde brotava água transparente, que passava por debaixo da estrada. Como naquela paragem ninguém pensa nisso, pensei eu - será um ribeiro ou um esgoto a céu aberto? Para meu próprio bem acreditei na primeira hipótese.

De fora da passadeira (essa célebre passadeira que, como muitas irmãzinhas, caiu dois centímetros ao lado e há anos que não é usada como merece, porque ir ao seu encontro dá muito trabalho e atravessar na estrada é mais fácil) surge um puto, todo estiloso e seguro da sua notável presença, com uma lata de coca-cola na mão.

Era o "Joãozinho", que eu bem conhecia... Cumprimentei-o.
Alguns segundos depois, farta-se do refrigerante e decide que a melhor forma de se livrar dele é atirando-o com toda a força numa trajectória de quarto de círculo, para dentro do riacho. Para completar a proeza, um agradável som de metal a bater na água. Ena, que espectáculo de lançamento! Toda a gente na paragem deve ter ficado de boca aberta.
A vida é fácil, a vida é bela...

O caixote do lixo estava ao seu lado direito, a uns 30 cm.

Dirigi-me a ele:
- Ó Joãozinho, está ali um caixote do lixo!
- Ah, não vi...




Conclusão:
O pessoal hoje em dia é mesmo tapadinho! Cego, surdo e analfabeto...




Não é a primeira vez que isto acontece. Claro que tem muito mais pinta e classe atirar o lixo para o riacho, porque o caixote do lixo é verde, pequeno e de plástico. O buraco do riozinho é muito mais atraente!

E sabem o que é ainda mais curioso neste fenómeno?
A desculpa é sempre a mesma.

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