sábado, 18 de outubro de 2014

Lisboa II (Outro olhar, outro descrever)

Escrito pouco antes de começar o 1º ano na Universidade.

É lindo como tudo se renova constantemente. É incrível como o ser humano consegue condenar o amor e exaltar a violência e a guerra. É assustadora a facilidade com que estala uma guerra.

Imagens grandes sucedem-se à nossa frente tão rápido... Cinco pessoas esperam num banco pelo comboio. Na linha oposta o comboio acelera.

Emerjo do subterrâneo e sinto-me a ascender, não para o sol, mas para a beleza do mundo terrestre.

Tanta gente no bocado de terra e cimento que consigo avistar com os meus olhos longos. Tantas me podem fazer mal — com uma simples lâmina morro — tantas outras serão tão fascinantes, algumas desejosas de intriga e vingança, outras desejosas de dar e iluminar, criar a paz. Umas vivas, outras apenas a sobreviver — por medo e não por necessidade, porque a miséria nunca impediu ninguém de viver a sério. Viver é ver em cada fábrica suja, em cada molho de chaves, em cada linha de tabela cheia de números sem lógica, alguma beleza. E embelezar o mundo, torná-lo melhor.

A calçada larga que tenho à frente é um universo maior que Lisboa. Sobre as pedras calcárias procuro ver o bom da humanidade em cada rosto. É assim que eu sou e gosto de ser. Aprecio o equilíbrio e o sol. Esta pode ser a minha última semana de sossego. Mas estou pronto.

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