sábado, 31 de março de 2012

Excesso de Realidade

Doentio vício de descrever os bons momentos através do texto; de tentar capturar e guardar para sempre todos os sentimentos, pormenores, cores, cheiros e sabores daqueles acontecimentos mágicos que me custa a acreditar ter vivido, como se as memórias não fossem mais que suficientes... Desespero na busca de palavras; sacrifico algumas para satisfazer a sede de possuir outros sinónimos. Debruço-me perigosamente no precipício do que é descritível, arrisco-me a tentar descrevê-lo, quase caindo no abismo da frustração. Sem me preocupar vou corroendo a imaginação, tão débil, gemendo a um canto, e que há muito desistiu de sonhar. Nunca sonho. Obceca-me a realidade. Enjoa-me a ficção.

5 comentários:

  1. Ahahah... Não me convences! E mais: tudo aquilo que recordamos como realidade que nos aconteceu, é sempre e quase só... pura ficção!
    Beijinhos enormes

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    1. Não te convenço?! O.o LOOOL Escrevo um texto tão honesto e não te convenço? :P Explique-se! hehehe
      Agora fizeste-me lembrar de impressões sensíveis vs ideias. Filosofia. Baah.
      Isso é assustador.
      Beijinho, até breve!

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  2. Pois a mim convenceste-me.
    Acho que sei do que falas e o que se recorda é a realidade, tal e qual, marcada a quente na memória.

    E depois, de vez em quando, fechas os olhos e estás lá outra vez. E ninguém sabe onde estás e o que fazes. Até te podes rir um bocadinho.
    Eu nunca consegui pôr memórias dessas em palavras mas há quem consiga. Diz que se chamam "escritores"! :))))
    beijinho
    Inês (a tal que te sente a falta)

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    1. Convenci-te? Boa. :)
      Referia-me a todos os bons momentos, em geral... Mas depois pensei melhor, e acho que no fundo só me refiro aos momentos... àqueles... quentinhos, com alguém que nos é especial de uma maneira única.
      E acho que concordo mais contigo do que com a Margarida... Não me assustes, Margarida! :P
      E já encontrei o segundo, o momento, a acção, que não consegui pôr em palavras. Até tentei um bocadinho, mas a minha mãe avisou-me (bem) que era melhor desistir. Adivinhas qual é?
      Beijinhos de quem também sente a tua falta.

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  3. Uau. Como te compreendo, caro amigo.
    Por vezes, dou por mim, ao mesmo tempo que vivo algo (que para muitos é banal), imagino-o escrito. Tento criar frases suficientemente cativantes na minha mente que consigam dar ao leitor um mínimo do prazer que tive ao «viver algo».
    Óptimo texto! :)
    Abraço.

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